Friday, October 17, 2008

O RAP é que sabe.

Este tipo tem um talento para dizer o que nós sentimos... É fenomenal:
"Quando, no passado domingo, o Ministério das Finanças anunciou que o Governo vai prestar uma garantia de 20 mil milhões de euros aos bancos até ao fim do ano, respirei de alívio. Em tempos de gravíssima crise mundial, devemos ajudar quem mais precisa. E se há alguém que precisa de ajuda são os banqueiros. De acordo com notícias de Agosto deste ano, Portugal foi o país da Zona Euro em que as margens de lucro dos bancos mais aumentaram desde o início da crise. Segundo notícias de Agosto de 2007, os lucros dos quatro maiores bancos privados atingiram 1,137 mil milhões de euros, só no primeiro semestre desse ano, o que representava um aumento de 23% relativamente aos lucros dos mesmos bancos em igual período do ano anterior. Como é que esta gente estava a conseguir fazer face à crise sem a ajuda do Estado é, para mim, um mistério.
A partir de agora, porém, o Governo disponibiliza aos bancos dinheiro dos nossos impostos. Significa isto que eu, como contribuinte, sou fiador do banco que é meu credor. Financio o banco que me financia a mim. Não sei se o leitor está a conseguir captar toda a profundidade deste raciocínio. Eu consegui, mas tive de pensar muito e fiquei com dor de cabeça. Ou muito me engano ou o que se passa é o seguinte: os contribuintes emprestam o seu dinheiro aos bancos sem cobrar nada, e depois os bancos emprestam o mesmo dinheiro aos contribuintes, mas cobrando simpáticas taxas de juro. A troco de apenas algum dinheiro, os bancos emprestam-nos o nosso próprio dinheiro para que possamos fazer com ele o que quisermos. A nobreza desta atitude dos bancos deve ser sublinhada.
Tendo em conta que, depois de anos de lucros colossais, a banca precisa de ajuda, há quem receie que os bancos voltem a não saber gerir este dinheiro garantido pelo Estado. Mas eu sei que as instituições bancárias aprenderam a sua lição e vão aplicar ajuizadamente a ajuda do Governo. Tenho a certeza de que os bancos vão usar pelo menos parte desse dinheiro para devolver aos clientes aqueles arredondamentos que foram fazendo indevidamente no crédito à habitação, por exemplo, e que ascendem a vários milhares de euros no final de cada empréstimo. Essa será, sem dúvida nenhuma, uma prioridade. Vivemos tempos difíceis, e julgo que todos, sem excepção, temos de dar as mãos. Por mim, dou as mãos aos bancos. Assim que eles tirarem as mãos do meu bolso, dou mesmo."
in Visão, "Boca do Inferno", por Ricardo Araújo Pereira

Wednesday, October 15, 2008

Silêncio dos Inocentes - O Episódio Perdido

Para aqueles que acompanham este blog regularmente (eu sei, devem ser poucos ou muito poucos), lembrar-se-ão certamente da adição de uma pequena bola de pelo branco à nossa pequena família.



Ao longo dos últimos meses, essa pequena bola foi crescendo, e crescendo, e comendo (e defecando também), e crescendo e crescendo até se transformar neste cachorro adolescente, com olhos meigos, mas força e dentes capazes das maiores travessuras:























Para lá daquele ar simpático e desgrenhado (que vem todo do facto de ter decidido ir tomar um banho de mar no último fim-de-semana - claro, durante o Verão, andou sempre com medo da água, agora que começa a fazer frio foi direito chafurdar na água, sem sequer atender aos avisos de que não tinhamos toalha para o secar!) e do ar de quem dorme como se não houvesse amanhã (como cachorro que ainda é, passa 60-70% do tempo a dormir, roncar e peidar-se, tudo em simultâneo), posso confirmar-vos que se esconde um psicopata do nível do afamado Hannibal. E se não acreditam, vejam a obra do "menino":

Pois é. A pobre vaquinha viu-se privada do seu cérebro de enchimento de peluche, tendo a cabeça literalmente rasgada, sendo que todo o cérebro foi retirado cuidadosamente (ok, talvez não cuidadosamente), mastigado e cuspido sob a forma de bolas de enchimento fofinho cheio de saliva de cão (estilo uma bola de pelo gigante, estão a perceber a ideia?)...


E o pior é que o malvado continua a considerar esta vaquinha um dos bonequinhos preferidos, a par do dinossauro com menos um braço (quem diria que no confronto Tiranossaurus Rex vs. Labrador, seria o Labrador que ganhava) e do macaco com a franja arrancada... De tal forma que nem agora, sem cérebro, a vaquinha tem descanso, continuando a ser constantemente arremessada pelo ar e levada para incursões no jardim, com aqueles olhos inexpressivos, fixos no infinito...


Tem mesmo de se gostar deste cão, não tem? Pelo menos, cá por casa, nós achamos que sim. Não é todos os dias que alguém arranca o cérebro a uma vaquinha fofinha e aparece junto a nós com ela na boca, com aquele ar orgulhoso de quem diz "Já viste o que eu consigo fazer?"...